sábado, 11 de dezembro de 2010

Luiz Peixoto

Luiz Peixoto
Considerado o maior revistógrafo brasileiro de todos os tempos, Luiz Peixoto (1889-1973) fez brilhar nos palcos do teatro de revista não apenas os seus sambas. Letrista inspirado, criador de sucessos, era disputado por consagrados parceiros.

Em 1923, depois de dois anos em Paris, Luiz Peixoto lança no Rio de Janeiro um espetáculo com muito êxito, a revista Meia Noite e Trinta. O público lotava o Teatro São José, curioso por ver o que os críticos classificavam como a revista mais original que alguém escrevera até então no Brasil.

Luiz Carlos Peixoto de Castro, com 34 anos, estava destinado, ao longo de sua proveitosa vida, a interferir na cultura brasileira, tanto no teatro como na poesia .ou na música popular. Até morrer, com 84 anos, foi um respeitado criador.

Caricaturista na juventude, companheiro de Raul Pederneiras e Kalixto, encontrou no teatro de revistas o maior campo para seu talento. Ali, foi tudo. Autor, cenógrafo, compositor, diretor, diretor artístico, figurinista, mas sobretudo um homem voltado para as coisas brasileiras, principalmente a música.

Quando chegou da Europa, veio disposto a abrir espaço para substituir o uso musical de ritmos ultrapassados, pela utilização intensa de ritmos da atualidade, especialmente os das composições populares brasileiras, no dizer da pesquisadora Neyde Veneziano. Transformou-se, assim, no maior revistógrafo brasileiro.

Poeta inspirado, tornou-se letrista de um sem-número de músicas e parceiro de sambas memoráveis, lançados em revistas de sua autoria ou, mesmo de outros autores. É dele, Ai Ioiô (Linda flor), feita com Henrique Vogeler e Marques Porto, que consagrou Aracy Cortes, na revista Miss Brasil, em 1928.

Amigo de Carmen Miranda, desde a incursão da Pequena Notável no teatro de revista, fez para ela dois sambas que marcaram a carreira da estrela: Na batucada da vida, com Ary Barroso, e Voltei pro morro, com Vicente Paiva. Elizeth Cardoso consagrou-se com É luxo só, feita em sua homenagem, pela dupla Luiz Peixoto/Ary Barroso. Sílvio Caldas gravou, também dos dois, além do impecável samba Maria, o belíssimo Por causa dessa cabocla.

A força do samba Paulista de Macaé, de parceria com Marques Porto, foi tanta que, lançado na revista Prestes A Chegar, em 1926, tornou-se ele próprio uma revista em 1927. Inovando em sua estréia, após retorno da Europa, sempre moderno, Luiz Peixoto foi acima de tudo um compositor com a alma no palco.

Raul pederneiras_Luiz peixoto_Kalixto
Ilustração: Três amigos, três caricaturistas, três artistas: Raul Pederneiras, Luiz Peixoto e Kalixto.

Sílvio Vieira

O barítono Sylvio Vieira
Teatro Municipal - 1950
Sílvio Vieira, cantor e compositor, nasceu em 28/05/1899, em São Paulo SP, e faleceu na mesma cidade em 07/02/1970. Barítono famoso por suas apresentações no Teatro Municipal, acabou enveredando pela música popular.

Iniciou a carreira artística na segunda metade da década de 1920. Estreou em disco pela Odeon em 1926 cantando de Freire Júnior a toada-fado Gostar de alguém. Em seguida, gravou as canções Um passeio à luz do luar, de Freire Júnior; A casinha (A casinha da colina), de motivo popular; Noite de núpcias, de Hekel Tavares e Ai xixi, de  Pedro de Sá Pereira.

Em 1928, gravou com acompanhamento da Orquestra Rio Artists o reconto La calesera, de Francisco Alonso, e o tango Caminheiro, de E . de Bianco. Em 1930, foi contratado pela Victor e lançou com acompanhamento da Orquestra Victor de Salão as canções Gostar de uma mulher, de Bernardo Ferreira e A . Barbosa e A vizinha da água furtada, de P. Coelho e M. Siqueira. Em seguida, com a Orquestra Victor Brasileria de Concertos gravou O Guarani (Canção dos aventureiros), de Carlos Gomes e Paganini (Se uma boca eu beijar), de Franz Lehar com adaptação sua. Ainda no mesmo ano, gravou com acompanhamento de orquestra as canções Fonte abandonada, de Pixinguinha e Cândido das Neves, e Cafezal em flor, de Pixinguinha e Eugênio Fonseca.

Ainda em 1930, ingressou na Parlophon e gravou com acompanhamento da Orquestra Guanabara a valsa Pelo teu pecado, de Joubert de Carvalho e com acompanhamento do grupo Muchachos Del Plata da Argentina o tango Sulamita, de Mário Lopes de Castro. Em seguida, gravou com a Orquestra Guanabara os hinos Brasil unido, de Plínio Brito e Domingos Magarinos; 24 de outubro, de sua autoria e Mário Lopes de Castro e Vai soldado, de Luiz Melaço e Antônio de Lima Júnior e a marcha O soldado brasileiro, de Plínio Brito e Domingos Magarinos. Também nesse ano, gravou dois discos na Brunswick com as canções Canção discreta e Meu amô foi simbora, de Henrique Vogeler; a toada-canção Eu tenho fé, parceria sua com Henrique Vogeler e a toada É na viola que chora, de sua autoria.

Em 1931, gravou com acompanhamento de orquestra as canções Vagabundo, de Bernardino Vivas e Joraci Camargo e Minha favela, de Pedro de Sá Ferreira e Marques Porto e Lo Schiavo - Ária do Iberê (I) e Lo Schiavo - Ária do Iberê (II). Nesse ano, gravou as canções Na malandragem eu nasci, de Augusto Vasseur e Luiz Peixoto e Naquele altar, de Aldo Taranto.

Gravou em 1932 com acompanhamento da Orquestra Victor Brasileira as canções Frô de ipê, de Bonfiglio de Oliveira e Nelson de Abreu e Como é lindo o teu olhar, de André Filho. No ano seguinte, gravou com acompanhamento do grupo do Canhoto de Rogério Guimarães a canção Flor que ninguém colheu, de Joubert de Carvalho e com o grupo Diabos do Céu a valsa Felicidade, de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano.

Em 1950, após dezessete anos longe das gravações, lançou pela Victor um último disco com as canções Ave Maria I e Ave Maria II, de Alfredo d'Albuquerque. Gravou 21 discos com 20 músicas pelas gravadoras Odeon, Brunswick, Parlophon e Victor.



Músicas no playlist

01 Gostar de alguém (tango) - Freire Júnior / Gravadora Odeon / Álbum 123082 / Gravação 1925-1927 / Lançamento 1925-1927 / Lado único / Disco 78 rpm; 02 Um passeio à luz do luar (fox) - Freire Júnior / Gravadora Odeon / Álbum 123115 / Gravação 1925-1927 / Lançamento 1925-1927 / Lado único / Disco 78 rpm; 03 O guarany ( canção dos aventureiros ) (valsa) - Carlos Gomes / Gravadora Victor / Álbum 33286 / Gravação 00/1930 / Lançamento 00/1930 / Lado A / Disco 78 rpm; 04 Gostar de uma mulher (canção) - A. Barbosa e Bernardo Ferreira / Gravadora Victor / Álbum 33276 / Gravação 00/1930 / Lançamento 00/1930 / Lado A / Disco 78 rpm; 05 A vizinha da água furtada (canção) - P. Coelho e M. Siqueira / Gravadora Victor / Álbum 33276 / Gravação 00/1930 / Lançamento 00/1930 / Lado B / Disco 78 rpm; 06 Paganini ( se uma boca eu beijar ) (canção) - F. Lehar e Sílvio Vieira / Gravadora Victor / Álbum 33286 / Gravação 00/1930 / Lançamento 00/1930 / Lado B / Disco 78 rpm; 07 Canção discreta (canção) - Henrique Vogeler / Gravadora Brunswick / Álbum 10040 / Gravação 00/1930 / Lançamento 00/1930 / Lado A / Disco 78 rpm; 08 Meu amô foi simbora (samba) - Henrique Vogeler / Gravadora Brunswick / Álbum 10040 / Gravação 00/1930 / Lançamento 00/1930 / Lado B / Disco 78 rpm; 09 Frô de ipê (canção) - Bonfíglio de Oliveira e Nelson de Abreu / Acompanhamento Orquestra Victor Brasileira / Gravadora Victor / Álbum 33558 / Gravação 29/04/1932 / Lançamento 06/1932 / Lado A / Disco 78 rpm; 10 Como é lindo o teu olhar (canção) - André Filho / Acompanhamento Orquestra Victor Brasileira / Gravadora Victor / Álbum 33558 / Gravação 29/04/1932 / Lançamento 06/1932 / Lado B / Disco 78 rpm; 11 Flor que ninguém colheu (tango canção) - Joubert de Carvalho / Acompanhamento Orquestra Victor Brasileira / Gravadora Victor / Álbum 33710 / Gravação 15/09/1933 / Lançamento 10/1933 / Lado A / Disco 78 rpm; 12 Felicidade (valsa) - Joubert de Carvalho e Olegário Mariano / Acompanhamento Orquestra Victor Brasileira / Gravadora Victor / Álbum 33710 / Gravação 20/07/1933 / Lançamento 10/1933 / Lado B / Disco 78 rpm.

Obra

24 de outubro (c/ Mário Lopes de Castro); É na viola que chora; Eu tenho fé (c/ Henrique Vogeler).

Discografia

(1950) Ave Maria (I) / Ave Maria (II) - Victor - 78;  (1933) Flor que ninguém colheu / Felicidade - Victor - 78;  (1932) Frô de ipê / Como é lindo o teu olhar - Victor - 78;  (1931) Vagabundo / Minha favela - Victor - 78;  (1931) Lo Schiavo - Ária do Iberê (I)/ Lo Schiavo - Ária do Iberê (II) - Victor - 78;  (1931) Na malandragem eu nasci / Naquele altar - Victor - 78; (1930) Gostar de uma mulher/A vizinha da água furtada - Victor - 78; (1930) O Guarani (Canção dos aventureiros)/Paganini (Se uma boca eu beijar) - Victor - 78; (1930) Fonte abandonada / Cafezal em flor - Victor - 78; (1930) Todas as rosas - Victor - 78; (1930) Pelo teu pecado / Sulamita - Parlophon - 78; (1930) Brasil unido / O soldado brasileiro - Parlophon - 78; (1930) 24 de outubro / Vai soldado - Parlophon - 78; (1930) Canção discreta / Meu amô foi simbora - Brunswick - 78; (1930) Eu tenho fé / É na viola que chora - Brunswick - 78; (1928) La calesera / Caminheiro - Odeon - 78; (1926) Gostar de alguém - Odeon - 78; (1926) Um passeio à luz do luar - Odeon - 78; (1926) A casinha (Casinha da colina) - Odeon - 78; (1926) Noite de núpcias - Odeon - 78; (1926) Ai xixi - Odeon - 78.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira; Bibliografia Crítica: AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982; VASCONCELOS, Ari. Panorama da música popular brasileira - volume 1. Rio de Janeiro: Martins, 1965.

Paulo Gracindo

Paulo Gracindo (Pelópidas Guimarães Brandão Gracindo), famoso artista do rádio, teatro, cinema e televisão do país, nasceu em 16 de junho de 1911, na cidade do Rio de Janeiro. Filho de Demócrito Gracindo, que era político e que faleceu em 1928. Foi criado por sua mãe e guardou pela vida afora a educação, os modos, a nobreza de seu lar. Estudou direito, mas desde cedo quis ser ator.

Foi um dos últimos representantes da geração de intérpretes que surgiu nas novelas de rádio dos anos 40. Com uma carreira invejável, coroada de grandes sucessos, ídolo de seus colegas, costumava ser citado por eles como um dos poucos entre os chamados atores de sustentação que conseguiu colocar seu talento acima do charme dos galãs.

Gracindo foi para o Rio de Janeiro e iniciou a carreira teatral com a Companhia de Alda Garrido, tendo também integrado o elenco das principais companhias da época, como as de Procópio Ferreira, Elza Gomes e Dulcina. Ingressou na Tupi, como rádio-ator, passando em seguida para a Nacional. Foi levado pelas mãos de Olavo de Barros, diretor de teatro que também trabalhava na emissora. Interpretou personagens famosos, mas acabou conquistando o sucesso como animador de programas de auditório na década de 40.

Como essa atividade lhe rendesse bem financeiramente, Gracindo ficou anos afastado do teatro. Seguiram-se as novelas, tendo atuado no papel de Albertinho Limonta, herói do dramalhão mexicano O Direito de Nascer, considerado o maior êxito no gênero. Gracindo projetou-se ao lado de Brandão Filho num quadro humorístico que divertiu duas gerações, primeiro no rádio e depois no vídeo, o Primo Rico, que ridicularizava a vida do Primo Pobre.

Com a chegada da televisão, Gracindo levou seu programa de auditório para a TV Rio. Em 1968, transferia-se para a Rede Globo, passando a participar das telenovelas de Glória Madagan. Na emissora, foi o astro de diversas novelas, entre elas, O Bem Amado, onde personificou o prefeito Odorico Paraguaçú e chegou a atingir 70 pontos no Ibope em 1973. Em 1980, o personagem de Dias Gomes era ressuscitado e dava origem a um seriado. Nessa época, Gracindo foi o apresentador do programa 8 ou 800, ao lado de Silvia Falkenbourg.

Ainda pela Rede Globo, fez também as telenovelas A Próxima Atração, Sinal de Alerta (no papel de Tião Borges), Os Ossos do Barão (1973), O Casarão (no papel de um artista apaixonado, ao lado de Yara Cortes), Gabriela (1975, como o coronel Ramiro Bastos) e Roque Santeiro. Suas últimas aparições na TV foi na minissérie Agosto e no especial O Besouro e a Rosa, ambos em 1993.

Gracindo dedicou-se também ao cinema, com o surgimento das companhias Atlântida e Cinédia, atuando em O Meu Dia Chegará, Estrela da Manhã, João Ninguém (1937), Está Tudo Aí (1938), Anastácio (1939), Onde Estás, Felicidade? (1939), A Falecida (1965, de Leon Hirszman), Terra em Transe (1967, de Glauber Rocha), Tudo Bem (1978) e Amor Bandido (1978, de Bruno Barreto).

No teatro, trabalhou em Linhas Cruzadas, Frank Sinatra 4815, ao lado do filho em O Jogo do Crime e com Clara Nunes em Brasileiro, Profissão Esperança. Gracindo Jr. dirigiu o pai nas seguintes montagens teatrais: Paulo Gracindo - O Bem Amado (biografia teatralizada da vida do ator), Num Lago Dourado (1992) e A História é uma História (de Millor Fernandes, em 1994).

Paulo Gracindo faleceu aos 84 anos, em 4 de setembro de 1995.

Fontes: cinetvbrasil - PauloGracindo; Wikipédia - Paulo Gracindo; netsaber - Biografia de Paulo Gracindo.